Soneto XXII
A fonte que jorra o sangue frio
Na bela erupção do escarlate
Que rompe o silêncio e bate
Com paladar mistério do vampiro.
E a fonte que sai do tonel
Jorrando, à alma, o vinho
Traz o prazer do poeta sozinho
Que só, bebe e medita ao léu.
Do sangue ao vinho é pouco
Do poder, do mistério, se fazem
Escarlate de poeta louco.
E os lúcidos que aqui jazem
Aos berros que o deixam roucos
Bebem os dois, e deles se fazem.