ACIDENTE NA ESTRADA
À H.P.
Estampido, ferros, gritos... Ferido grave,
em silvos de sirene me transporto.
Sigo deitado. Devo estar já morto.
Corre-me o corpo um arrepio suave.
Demónios brancos, roucos, nariz torto,
dançam à minha volta, num conclave.
Discutem-me o destino, qual a nave,
qual o rumo a tomar e qual o porto.
Eis que tu transpareces no negrume,
anjo de rosto cúpreo, olhos de lume,
que a neblina afugenta e o sol descerra.
Retomo a vida preso à tua mão,
que me aperta e conduz. E sinto então
um beijo ardente com sabor a terra.
À H.P.
Estampido, ferros, gritos... Ferido grave,
em silvos de sirene me transporto.
Sigo deitado. Devo estar já morto.
Corre-me o corpo um arrepio suave.
Demónios brancos, roucos, nariz torto,
dançam à minha volta, num conclave.
Discutem-me o destino, qual a nave,
qual o rumo a tomar e qual o porto.
Eis que tu transpareces no negrume,
anjo de rosto cúpreo, olhos de lume,
que a neblina afugenta e o sol descerra.
Retomo a vida preso à tua mão,
que me aperta e conduz. E sinto então
um beijo ardente com sabor a terra.