Alegorias

Dependura-se em efusivo pranto,

Tal gota dourada em flor orvalhada;

Absorto no alento de se saber vivo,

Nas álacres manhãs do sol do devir.

Nada de solidão, nada de comoção,

Integrado se sente por Ser senciente;

Matéria viva que constrói o que sabe,

Sem pressa no tempo: — sem pressa!

Da chaga do viver extravasa sentimento,

Escorre alheio e quente e terno e bom;

Assim se cumpre na alegoria da vida:

Necessária investida no tempo que flui.

Sujeito, sujeito às vontades do éden,

Onde a natureza adogmática impera;

Aonde corações de entes inanimados

Palpitam e dinamicamente retumbam.

Do nó da garganta eclode o gemido,

E do peito aguerrido emerge o perdido;

E junto com o sereno, sereno espera,

Que o sol amanhã, de volta: - nos origine!

Cesar de Paula
Enviado por Cesar de Paula em 06/08/2020
Reeditado em 15/08/2020
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