A VIDA DE UM CASAL SERTANEJO DE UMA CIDADE CHAMADA ORATÓRIO

(Poesia dedicada aos meus avós maternos)

Vou contar uma história, que um dia aconteceu

A história de um casal: Dona Irami e Sr. Ageu

Tudo aconteceu na pequena cidade do interior chamada Oratório

A cidade era tão pequena, que só tinha uma rua, e ainda fazia divisa com dois territórios

De um lado, ficava o Estado de Pernambuco, do outro, o Estado da Paraíba

O povo era tão religioso, que cada lado tinha uma igreja, uma na entrada, outra na saída

Do lado da Paraíba, morava o belo casal: Dona Irami e Sr. Ageu

Onde construíram morada, e nove filhos do amor nasceu

Moravam em uma casa pequena feita de Taipa, construída em uma terra pedregosa

Tudo muito simples, bem sertanejo, mas aconchegante e graciosa

Sr. Ageu cuidava do seu roçado, plantava de tudo: Milho, fava, jerimum, batata, algodão, feijão

Para ganhar alguns trocados, plantava também a Palma, que alimentava o gado e o restante da criação

Dona Irami ajudava na colheita do roçado, cuidava da casa, dos filhos, sempre com zelo e bom grado

Pela manhã, com o milho colhido do roçado, depois de moído, fazia broa e cuscuz no fogão a lenha, junto com café que já estava coado.

Aquele cheiro de lenha queimada, de café batido no pilão, de leite fervendo, de queijo coalho e de coalhada

Sabores que estavam arraigado na vida do casal, cheiro nordestino, presente naquela morada

Devido a seca do sertão, toda água que vinha da chuva era armazenada em um grande tanque de pedra que ficava próximo da casa e para muito servia

Depois de coada, a água era armazenada nas latas e nos potes de barro, sendo utilizada para o banho, para fazer comida e matar a sede daquela família

Dona Irami era uma mulher serena, de poucas palavras, que gostava de ir nos terços e novenas que eram celebrados nas duas igrejas (da Paraíba e Pernambuco)

Na volta da igreja, visitava suas duas irmãs: Conceição e Neném, proseava, comia broa da bodega, tomava chá, café e suco

Sr. Ageu era um homem franzino, usava um chapéu preto, a noite sobre a luz do candeeiro era um grande cavalheiro

Autodidata, com seu violão em mãos, gostava de tocar serenatas, dedilha cada corda com vigor, um grande violeiro

Apesar da vida sofrida do sertão, nunca faltou amor e felicidade na vida deste casal

Pois foi neste pedaço de chão batido que escolheram viver, semear e colher: o amor sentimental.

Jackson Brandão
Enviado por Jackson Brandão em 05/08/2020
Reeditado em 05/08/2020
Código do texto: T7027226
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