NEM AS ESTRELAS
Nem as estrelas me apetecem.
Talvez apenas o mar, como um berço
onde possa aninhar-me enfim,
sem prumo nem peso, ou idade,
nem qualquer outra velocidade
que não seja a das ondas amando-me,
envolvido em seus braços...
Ou talvez me apeteçam os espaços
silenciosos dos outros, herméticos,
onde as palavras sejam só minhas,
num monólogo fluente
que me retempere,
sem que ninguém o interrompa,
ou jamais contradiga...
Quem sabe lhes adicione
cheiros raros e alguns sabores...
saladas e peixes grelhados,
fins de tarde dourados,
pele nua já lendo a lua,
com sal nos risos das cores,
e pés descalços errando as horas
mas acertando amores ...?
Quem sabe, se até nem volto ?
Outubro 2007