O MISTÉRIO
Lilian Maial
Da varanda,
numa pequena transgressão ao isolamento,
a tarde se expande com um sol tímido,
refletindo os muros ainda pichados,
rebeldia contra o asfalto quente.
Calçadas desertas.
No chão, ali adiante, uma brisa arteira atiça folhas secas a rodopiar,
como querendo mover o dia.
O pensamento gira tonto.
Um ou outro com panos no rosto.
Assim, de longe, tão parecidos!
Quem está por trás da máscara?
Sem ela, o risco.
Onde esse risco desenha o destino?
A imensidão da fragilidade.
O medo da violência deu lugar ao medo do toque.
Nada é tão cruel quanto a máscara.
Outros olhares, outros juízos, outro alguém.
Onde esse risco desenha o destino?
Decifrar sorrisos por sob o tecido.
Desvendar desejos pelo olhar distante.
Mudanças.
Tempos de fome.
De comida e abraços.
Os parques lamentam o silêncio dos risos das crianças.
As praças choram a falta dos casais nos banquinhos.
O mar recua sem pegadas para apagar.
As maritacas gritam de desespero sem a algazarra das vozes.
O mundo sofre sem a humanidade?
A natureza está em paz sem o homem.
O homem expia sua prepotência.
O vírus ensina.
******
Lilian Maial
Da varanda,
numa pequena transgressão ao isolamento,
a tarde se expande com um sol tímido,
refletindo os muros ainda pichados,
rebeldia contra o asfalto quente.
Calçadas desertas.
No chão, ali adiante, uma brisa arteira atiça folhas secas a rodopiar,
como querendo mover o dia.
O pensamento gira tonto.
Um ou outro com panos no rosto.
Assim, de longe, tão parecidos!
Quem está por trás da máscara?
Sem ela, o risco.
Onde esse risco desenha o destino?
A imensidão da fragilidade.
O medo da violência deu lugar ao medo do toque.
Nada é tão cruel quanto a máscara.
Outros olhares, outros juízos, outro alguém.
Onde esse risco desenha o destino?
Decifrar sorrisos por sob o tecido.
Desvendar desejos pelo olhar distante.
Mudanças.
Tempos de fome.
De comida e abraços.
Os parques lamentam o silêncio dos risos das crianças.
As praças choram a falta dos casais nos banquinhos.
O mar recua sem pegadas para apagar.
As maritacas gritam de desespero sem a algazarra das vozes.
O mundo sofre sem a humanidade?
A natureza está em paz sem o homem.
O homem expia sua prepotência.
O vírus ensina.
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