INTERLÚDIO
INTERLÚDIO
Entendo de crepúsculos
De auroras
Manhãs, tardes
Avivo a vida
Em xícaras de café
E taças de vinho
Alfineta-me a pobreza que passa
Na minha inerte janela
Regozija-me o alarido de crianças
Tão em falta
A perfeição das flores
As belezas azuis e verdes
Então
Penso com tempo
Num tempo sem tempo
Nessa corrida inútil
Então
Enervo-me nesses instantes
Percebendo minha pequenez
Nessa lassidão crescente
Que joga às traças
O pouco que respiro
Então
Atiro-me à poesia
Ridículo e idiota
Envelheço, envelheço
A olhos vistos e aforismos