INTERLÚDIO

INTERLÚDIO

Entendo de crepúsculos

De auroras

Manhãs, tardes

Avivo a vida

Em xícaras de café

E taças de vinho

Alfineta-me a pobreza que passa

Na minha inerte janela

Regozija-me o alarido de crianças

Tão em falta

A perfeição das flores

As belezas azuis e verdes

Então

Penso com tempo

Num tempo sem tempo

Nessa corrida inútil

Então

Enervo-me nesses instantes

Percebendo minha pequenez

Nessa lassidão crescente

Que joga às traças

O pouco que respiro

Então

Atiro-me à poesia

Ridículo e idiota

Envelheço, envelheço

A olhos vistos e aforismos

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 03/08/2020
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