caminho

mente atracada a um cais que já não é o meu,

corpo preso a uma imagem que já não sou eu,

pernas trêmulas de passos que desaprendi

nos caminhos de terra e pedras que acabam o tempo todo

nalgum portão fechado pouco gentilmente na minha cara.

& às vezes eu fico ali, parada

esperando que alguém do lado de dentro

me olhe, quebrada

e pense: vou ajudar a desgraçada;

mas eu já sabia

que lá dentro está vazio,

que o lado de lá é só mais um caminho

de terra e pedras que acabam o tempo todo

nalgum portão fechado pouco gentilmente na minha cara