Flora
Flora perdia noites
e madrugadas,
pensando,
e tentando esconder o pensamento.
com o cigarro queimando nos dedos,
e não via nada além da ponta.
não sentia nada
além da dúvida
e da vontade de não estar só.
de se perder nas ruas da cidade
em algum bar
ou peito aberto.
seus desejos eram rios
que escorriam
para o mar,
mas era certo
que ela se perdia
só de pensar
em amar
como se fosse feita só de coração
Ah o amor,
ela queria
mas preferia dizer não
como se arrancasse uma flor
antes de brotar.
E as vezes
ela pensava em gritar
o nome dele,
e não um outro qualquer,
à beira da cama.
Mas ela não se viu crescer mulher
pra correr atrás
de quem não se deixa ficar.
e enfim
Ele era uma jangada sem destino
sem nenhum plano
não tinha nascido para o porto
mas sim
para o oceano