Doença & Dor
A doença é uma companheira solitária
Não é convidada, não tem cerimônia
Vem, instala-se confortavelmente e logo nos aconchega
Ali ficamos, inertes, indefesos, introspectivos, carentes
Ela própria consola com gemidos e lágrimas
Fiel companheira no isolamento, faz repensar valores
Queremos ser fortes, parecendo tão frágeis
Se vem acompanhada com a dor, o encontro é brusco
A dor denuncia, escancara, combate
Se vem sem alarde, o encontro é delicado e duradouro
O tempo da doença é necessário
Faz lembrar o que somos, do que somos feitos
Faz imaginar o que seria o mundo sem nós
O que seriam os outros sem nós
O que seríamos nós sem os outros e fora desse mundo
A doença é poderosa, faz o tempo parar
Aconselha, defende, combate, transforma e recua
A dor é coadjuvante
A doença é companheira feminina
A dor é feminina singular
(Maio 2019)