Doença & Dor

A doença é uma companheira solitária

Não é convidada, não tem cerimônia

Vem, instala-se confortavelmente e logo nos aconchega

Ali ficamos, inertes, indefesos, introspectivos, carentes

Ela própria consola com gemidos e lágrimas

Fiel companheira no isolamento, faz repensar valores

Queremos ser fortes, parecendo tão frágeis

Se vem acompanhada com a dor, o encontro é brusco

A dor denuncia, escancara, combate

Se vem sem alarde, o encontro é delicado e duradouro

O tempo da doença é necessário

Faz lembrar o que somos, do que somos feitos

Faz imaginar o que seria o mundo sem nós

O que seriam os outros sem nós

O que seríamos nós sem os outros e fora desse mundo

A doença é poderosa, faz o tempo parar

Aconselha, defende, combate, transforma e recua

A dor é coadjuvante

A doença é companheira feminina

A dor é feminina singular

(Maio 2019)

Anelê Volpe
Enviado por Anelê Volpe em 31/07/2020
Reeditado em 01/08/2020
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