DEScompletude
Vida que segue o complexo da ausência
Sem um elo capaz de compor o vazio
Desta já putrefata existência
As memórias escorrem até o rio
Mas não sabemos chegar à nascente
Quem disser que este processo é coerente
Sabe que a única direção agora possível
É sermos levados pela corrente do indizível
Nem mesmo o Sol poderá aquecer as ideias?
Quando a pele congelou no desprezível
E o sangue raleou nas artérias
A vida que resta neste pálido ser
Traz o antes presentificado no hoje
E tudo o que o futuro podia fazer
É incapaz de achar o que nos foge
No devir onde só restarão os sons
Vibrando os dizeres sussurrados
Até ser captado por ouvidos surdos...