E lá está a pátria diante do espelho
cheia de sequelas, manca, supercílio sangrando
Preocupada em fazer maquiagem bonita
usando cosmético vagabundo e perfume fedido
Disfarçando imperfeições como se ninguém soubesse
as causas das suas olheiras escuras e fissuras abertas
Uma velha feia, rancorosa, de mau humor
que gasta o que não tem em correções botulínicas
Mas quem olha de longe está cansado de saber
que a lisura da derme não passa de pele esticada
Quem percebe o seu tom arrogante e o andar apressado nota
que a lycra da legging estica-se toda a mostrar uma saúde que já não é
A lâmina que reflete o que Narciso deseja ver
não permite olhar adiante dessa imagem falsa e retocada
Na próxima curva essa velha mãe gentil escorrega
“E daí? Fazer o quê?”, dirá um messias de braços cruzados
Então esse blush que não resiste a uma boa chuva
escorrerá manchando a pele, quiçá a alma
As assombrações, saindo dos antigos porões,
já podem ser vistas pelo retrovisor
Alguém precisa gritar, avisar que estão bem perto
e que já é hora de jogar fora esse estojo colorido de falsa realidade
A mãe gentil precisa levantar-se dessa penteadeira e encarar a vida
de peito aberto, proteger cada filho seu que não foge à luta
O retrovisor reflete a imagem do que já foi
e mostra o caminho pelo qual não se deve voltar
É espelho de testemunho dos troncos e das senzalas,
dos buracos expostos, das fogueiras acesas e suas fuligens
Reflexo do que não pode ser retocado
porque as cicatrizes são permanentes
Pátria que segue em frente buscando referências no seu passado
não afronta as instituições, não reverencia ‘ustras’ ou ‘curiós’
Pátria que segue adiante, mas olha o retrovisor da história
não se comunica ao som de Wagner, menos ainda bebendo leite
Pátria que segue firme, arria sua bandeira a meio pau,
chora a morte que não se pôde evitar e conta cada vida capaz de salvar
Planos, côncavos ou convexos
vislumbres distorcidos de uma gripezinha
À frente, a própria imagem sem máscaras
ou maquiada para um baile sem graça
Na história, rastros de poeira, gotas de sangue, gritos abafados
fantasmas que insistem não descansar em paz
cheia de sequelas, manca, supercílio sangrando
Preocupada em fazer maquiagem bonita
usando cosmético vagabundo e perfume fedido
Disfarçando imperfeições como se ninguém soubesse
as causas das suas olheiras escuras e fissuras abertas
Uma velha feia, rancorosa, de mau humor
que gasta o que não tem em correções botulínicas
Mas quem olha de longe está cansado de saber
que a lisura da derme não passa de pele esticada
Quem percebe o seu tom arrogante e o andar apressado nota
que a lycra da legging estica-se toda a mostrar uma saúde que já não é
A lâmina que reflete o que Narciso deseja ver
não permite olhar adiante dessa imagem falsa e retocada
Na próxima curva essa velha mãe gentil escorrega
“E daí? Fazer o quê?”, dirá um messias de braços cruzados
Então esse blush que não resiste a uma boa chuva
escorrerá manchando a pele, quiçá a alma
As assombrações, saindo dos antigos porões,
já podem ser vistas pelo retrovisor
Alguém precisa gritar, avisar que estão bem perto
e que já é hora de jogar fora esse estojo colorido de falsa realidade
A mãe gentil precisa levantar-se dessa penteadeira e encarar a vida
de peito aberto, proteger cada filho seu que não foge à luta
O retrovisor reflete a imagem do que já foi
e mostra o caminho pelo qual não se deve voltar
É espelho de testemunho dos troncos e das senzalas,
dos buracos expostos, das fogueiras acesas e suas fuligens
Reflexo do que não pode ser retocado
porque as cicatrizes são permanentes
Pátria que segue em frente buscando referências no seu passado
não afronta as instituições, não reverencia ‘ustras’ ou ‘curiós’
Pátria que segue adiante, mas olha o retrovisor da história
não se comunica ao som de Wagner, menos ainda bebendo leite
Pátria que segue firme, arria sua bandeira a meio pau,
chora a morte que não se pôde evitar e conta cada vida capaz de salvar
Planos, côncavos ou convexos
vislumbres distorcidos de uma gripezinha
À frente, a própria imagem sem máscaras
ou maquiada para um baile sem graça
Na história, rastros de poeira, gotas de sangue, gritos abafados
fantasmas que insistem não descansar em paz