VASO DE FLORES
Essas pétalas são de um colorido turbilhonante, vacilante;
Um redemoinho de vento rodopiante, um espírito que vapora, matizante
Por entre os sopros de inspiração, em fluxos incessantes, respiração acelerada,
Olhos inebriantes pintando inumeráveis figurações no céu lapidado da janela.
A manhã ensolarada brilha, ofuscante, incandescente; o sol
É uma pedra, não mais circular, flutuando n'amplidão dos mares que navego.
O som da explosão primaveril, poética sinestésica, desponta branda, suave melodia;
Lampeja, salta, dilata quando da velocidade permeia agora ensolarada tempestade.
O vaso de porcelana é agora um jardim, um paraíso que alimenta
Os sentidos, que assusta com suas formas doces e amargas, sabor do alimento.
A nudez das feições embebem corpo e mente com a seiva do êxtase, líquido que penetra
Todas as células imersas em nectários - é o néctar que escorre do olhar dançante,
É movimento policromático, vibrátil a todo instante; é pintura
Caleidoscópica, arrepiante contemplação: culmina em criatividade orgástica.
As cortinas da janela, emolduradas, acrescentam à obra traços de um quadro fantástico;
O vaso de flores, o céu, o sol... A janela, as cortinas... Uma paisagem!