VASO DE FLORES

Essas pétalas são de um colorido turbilhonante, vacilante;

Um redemoinho de vento rodopiante, um espírito que vapora, matizante

Por entre os sopros de inspiração, em fluxos incessantes, respiração acelerada,

Olhos inebriantes pintando inumeráveis figurações no céu lapidado da janela.

A manhã ensolarada brilha, ofuscante, incandescente; o sol

É uma pedra, não mais circular, flutuando n'amplidão dos mares que navego.

O som da explosão primaveril, poética sinestésica, desponta branda, suave melodia;

Lampeja, salta, dilata quando da velocidade permeia agora ensolarada tempestade.

O vaso de porcelana é agora um jardim, um paraíso que alimenta

Os sentidos, que assusta com suas formas doces e amargas, sabor do alimento.

A nudez das feições embebem corpo e mente com a seiva do êxtase, líquido que penetra

Todas as células imersas em nectários - é o néctar que escorre do olhar dançante,

É movimento policromático, vibrátil a todo instante; é pintura

Caleidoscópica, arrepiante contemplação: culmina em criatividade orgástica.

As cortinas da janela, emolduradas, acrescentam à obra traços de um quadro fantástico;

O vaso de flores, o céu, o sol... A janela, as cortinas... Uma paisagem!

Alcântara de Suede
Enviado por Alcântara de Suede em 29/07/2020
Código do texto: T7020684
Classificação de conteúdo: seguro