Fazendo a Feira

Dia de sol…dia de chuva/

Dia de chuva… dia de sol/

Assim Belém/

Que tudo tem/

Aquelas mangueiras dançando/

Num carimbó dobrado/

Aquele cheiro de mato com terra batida/

Envolto ao passado/

Dessa saudosa cidade querida/

A quem não vem/

A quem nem pode vir/

A gente leva/

Fazendo a feira/

Põe-se na sacola/

E vai-se embora/

Esse cupuaçu com tucumã/

Esse açaí, bacuri com Biribá/

A nossa manga/

Que esbanja nas ruas/

A nossa castanha/

Põe na sacola/

O jambu com tucupi no tacacá/

Aquele Tamuatá com camarão fresco/

Coisas que só tem/

Em Belém, Belém do Pará/

Aquele ver o peso/

Com tanta gente a circular/

Saindo da feira livre/

Vai-se ao Forte do Presépio/

Mas põe na sacola/

O pavulagem e toda a sua flocoricidade/

Com a berlinda em outubro/

Vem o círio de Nazaré/

Envolto naquele mar de pessoas, que emociona/

No balanço de ir e vir/

Tem esse rio Guajará/

Verso de tantas historia, lendas e lembranças/

A desaguar aos pés de tantas mulheres guerreiras/

Índias, negras, brancas e morenas/

Cheirosas como açucena/

Inimaginavelmente belas como a Iara/

A desfilar malicia no caminhar/

Pra lá e pra cá/

Nas avenidas dos igarapés/

Dessa rua chamada Amazônia/

Ah… saudade/

Essa ilha das ilhas marajoara/

Cidade das mangueiras/

A parodiar Salvaterra/

Outeiros e Cotijuba/

Mosqueiro e tantas Salinas/

Marudá e Algodoal com o seu farol/

A iluminar as vielas de dunas/

Que levam ao lago da princesa/

Isso me reporta a ilha Romana/

Ajuruteua, Beja e tantas prainhas/

Só vendo pra acreditar/

Que o paraíso é no Pará/

Mesmo com uma estação/

Qualquer trem que vem do sul/

Pro norte tem que parar/

Sentir e conhecer/

Mas cuidado/

Se você abrir os olhos da alma/

Sentir desse povo o calor/

E o valor do belo sorriso/

Vai se apaixonar/

E para a sua origem nunca mais voltar/

Se sair/

A saudade daqui vai te assombrar/

Como o canto do sabiá nos fins de tarde/

Em que a chuva começar a te chamar/

Vem a Belém/

Belém, Belém do Pará/