Destinação

Pobre destino que sem sentimento

voa sozinho, sem palavras,

sem poder gritar socorro,

gritar para que o coração esquecido

possa ouvir seu clamor,

na areia cristalina, levando com

o soprar do vento uma esperança

que às vezes penso também não existir mais.

Faço tudo o que me pede,

sem preconceito,

sem pensar no medo que não

consigo abandonar;

faço com uma vontade louca de tê-la nos meus braços,

tocando pelo com pelo para cobrir o pelado

que não chegou a existir.

Por fim choro apavorado como em um pecado original

que não foi evitado; só ignorado;

choro a solidão dos amigos não multiplicados,

dos amantes encobertos pela descoberta,

do irmão ilegítimo, legitimado pelo destino.

Choro na noite, na tempestade, na destruição,

nas vidas que não me pertencia,

nos sinônimos diversos de dias afins.

Chorei um não delicado,

um não sensual,

um não definitivo

um não sem destinação.