Vidro Quebrando

cada vez que um vidro quebra perto de mim

percebo uma desarmonia

não é o vidro quem desarmoniza em seu passamento

o vidro se afeta e aí finda

todo som agudo de estilhaços

me avisa

me atenta

um contexto prévio

uma revelação

não de uma profecia

não sei se estava escrito

é a percepção do padrão

assim como a maré recolhe a água

e o frio da tarde anuncia a noite

padrões perceptíveis de mudanças

talvez como se uma pedra caída

revelasse o esguicho

do começo da enchente

da barragem que rompeu

o tempo elástico me permite

criar outras figuras

novas ligações

um tapete colorido de indulgências

minimaliza-se no perdão futuro

antes de criar-se a si

ou a sua justificativa divina

terrena....

etérea.....

plebéia.....

pagã.....

sacra.

Jane de Paula Carvalho Santos
Enviado por Jane de Paula Carvalho Santos em 28/07/2020
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