Vidro Quebrando
cada vez que um vidro quebra perto de mim
percebo uma desarmonia
não é o vidro quem desarmoniza em seu passamento
o vidro se afeta e aí finda
todo som agudo de estilhaços
me avisa
me atenta
um contexto prévio
uma revelação
não de uma profecia
não sei se estava escrito
é a percepção do padrão
assim como a maré recolhe a água
e o frio da tarde anuncia a noite
padrões perceptíveis de mudanças
talvez como se uma pedra caída
revelasse o esguicho
do começo da enchente
da barragem que rompeu
o tempo elástico me permite
criar outras figuras
novas ligações
um tapete colorido de indulgências
minimaliza-se no perdão futuro
antes de criar-se a si
ou a sua justificativa divina
terrena....
etérea.....
plebéia.....
pagã.....
sacra.