amai
a viagem é generosa em sua profundidade,
parto sempre incopleto, falta um braço
ou um pernas, a dor é a abstração mais
verdadeira de todo o esforço de se prender,
de toda investida pra ser o que não é no
presente sempre eterno. rio calmo, mas
sua lâmina perfurante afugenta os imersos
do seu caldo de incerteza, a luta é imprópria,
não acredite que o davi venceu o golias sem
usar algum truque terrível, a vida é mais
forte, é mais profunda do que nossas pequenas
embarcaçoes conseguem suportar, deixar-se á
beira do riso, poir o medo já uma certeza,
e amar todas as coisas que nos olham e nos
reclama por algum estribilho na alma, ser
o que no que a vida se dá, e saber, que
o que pede já tem, o que reclama se oferece
de graça com seu rosto desconhecido, amai
as flores e os dias desolados, amai o rosto
que escondeu, a verdade que engoliu, o gosto
pelas coisas mais sinceras, amai a glória,
mas também sua queda, poir tudo é gangorra
do viver, amai sua coragem de sempre querer
ir além do que lhe disseram que podia, amai
o movimento, mas também o repouso, o descanso
pra vida se refazer, saber dos dias e das noites,
dos corpos vivos e do tempo, das escadarias prateadas
e também dos turvo momentos de desassossego, tudo
é parte de uma música que não sabemos todos seus
acordes, nem a linha inteira de sua melodia, amai
o presente, mesmo que seja bifurcado, mesmo que seja
trancado, mesmo que seja escuro e imprudente, amai
o seu calar, amais seu barulho, seu pico mais luminoso
e seu vale mais assombroso, amai o medo e a coragem,
pois tudo isso da vida faz parte, no mais proseie,
faça amor, compre um sorvete, aprenda andar de patins,
sei lá, pois o fora é outra história, que cada um pode
contar como quiser,