Armadura
Obrigada por um dia ter me oferecido a sensação de estar protegida.
Durante um tempo eu de fato precisei usar-lhe.
Não tinha outros recursos.
Não tinha escolha.
Não podia fugir.
Não sabia lutar.
Não possuía discernimento e nem sabia me defender.
Obrigada por ter sido útil.
Obrigada por ter sido proteção.
Até deixar de ser…
Até pesar…
Até me sufocar…
Eu te deixo aqui.
Não preciso mais de ti.
Resgato a minha pele exposta.
Vulnerável.
E minha.
Me desfaço do seu peso.
Meus ombros doem de lhe carregar por todos esses anos.
Meus movimentos foram limitados pelo seu uso.
Já não preciso mais.
Já não quero mais.
Quero sentir a brisa tocando cada poro da minha extensa pele…
Quero caminhar sem se me sentir ameaçada o tempo todo…
Quero ser menos reativa, menos protetiva…
Quero correr, pular, saltar…
Quero o leve.
E nesses novos quereres, já não cabe mais me armar.
No meu hoje, eu escolho te deixar.