As (in) certezas
As minhas certezas endureceram meu caminho.
Me aprisionaram.
Doeu aceitar e entender que certezas não existem.
Doeu e ainda dói deixá-las virem abaixo.
A vida é um pulsar dinâmico e caótico.
Não cabe em caixinhas e em definições.
As coisas são como são.
Se fazem.
Precedem toda e qualquer certeza.
Por vezes é preciso mergulhar profundo e desvencilhar de toda e qualquer necessidade de controle.
É preciso fazer o percurso sem rota pré-determinada.
É necessário se permitir sentir, viver sem a ânsia de dar nome.
Certezas não existem.
A vida é isso de impermanente.
É isso de vasto e indefinido.
É isso de frágil e mutável.
Ora é, ora não é.
Ora segue a tendência, ora não.
Ora é uma coisa, ora é outra.
Que a gente não cometa o equívoco de se achar sábio para se antever a vivência.
Que não recaia na pressa de nominar e assim perder o sutil e delicado do sentir.
Que a gente se permita as incongruências, as incertezas, o caminhar sem saber ao certo para onde ir.
De todo modo, há sempre algo da ordem do inominável, do intuitivo, do sensível que nos guia e nos leva em silêncio quando a gente se deixa ir.
Só vai. Só sente. Se despe dessa roupagem de certezas. Se despe dessas narrativas esvaziadas. Vai e cria! Vai e sente! Vai e no caminho tu vai vendo o que dá certo e se ajusta no que couber.
Te poupa da pressa!
Te recobre de calma!
Te desfaz do script!
Eu digo a você, mas antes, eu digo a mim.