NO MEU SILÊNCIO
Vou afundando no meu silêncio...
Nesse invencível pó do tempo
Noite absoluta sem estrelas
Coleção de flores nunca vistas
São postas a minha admiração
um sorriso brilha
Um gesto paira desenhado
Uma palavra se imprime
Uma figura se aproxima
Um verso antigo se inclina
Entre arabescos de mil giros...
(Porém, quase nada falo
porque falar não é preciso)
Tudo está coberto de perfume
Existe um rito em cada gesto
Deus consente que todos ouçam a música
Cantem com lábios tranqüilos
Deixem a luz entrar na sala
Como os beija-flores voando
Sobre as lãs macias de sedas...
Ninguém perguntou por mim
Não deram por minha ausência
Numa aventura tão larga e distante
Entregue a metamorfose da alma
Desci os degraus da solidão
Subi as escadas da razão
Num mistério de fábulas e linguagem
Que ao vento do mar se apaga...
Minha estrada recomeça...
Nessa translúcida muralha
Sem limites, sem vestígios...
Que opõem meu sonho vivido
Em passeios descansados
Numa vida plena e desejada...