ESTRANHA LIBERDADE

Nessa minha varanda abstrata

Diante duma estranha liberdade

Provisoriamente, navego no tempo...

Que separa o dia e a noite (anestesiados)

No meu limite etéreo de bruma

De um lado a vida me espera

Do outro a morte me cega

Sou metade de fera e anjo

Numa mesma estação do sono...

A enfermidade da alma é doce e amarga

Ao mesmo tempo que cura também mata

Como se estivesse acabado de nascer

Vem do paraíso até a loucura da vida

Chega de olhos fechados apalpando os sonhos

Subo andares e altos muros com asas do éter

Vejo o rosto pálido da vida e da morte

Ambas são transparentes e inexplicáveis...

Nos lábios brancos dos lírios

Suspiro esperando um beijo teu

Que me leve até as nuvens cristalinas

Como as mãos da areia levantando dunas

No meu sonho solitário teu vulto desaparece

E se desfaz nas sombras do esquecimento...

Essas lágrimas minhas são fagulhas

Que nem o vento enxuga, são espumas,

Queimam meus olhos e banham minh’alma

Minhas mãos soterradas buscam as tuas

Falo dos campos floridos que descobrimos

Minha vida andava ao lado da tua estrada

Essa misteriosa estrela que nos seguia

Erguia o olhar para nossa passagem terrena...

Oliveira Vilma
Enviado por Oliveira Vilma em 24/07/2020
Reeditado em 24/07/2020
Código do texto: T7015666
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