Indiligência

No pouco tempo que tenho

Tome tento a depressão

Não depressa morre o tempo

Se o tenho, sei que não

No tranquilo, sento e choro

Sinto e cheiro sem saber

Se suave apalpo o tempo

Ou se atento sem querer

Resquício de sintonia

Sintoma de amor em vão

Me vendo, sobra sorriso

Sentindo, me falta razão

Tentei o vento que vinha

Ventando, voei também

Virou-me a volta do mundo

No fundo, ventei além

Pra dores, isento remédio

Sem tédio, sem atração

Intuitos de vida vivida

São gestos entregues em vão

Se não me delega, me ensina

Assassina, senhora do breu

Suave resposta lhe entrego

Abjura o que sempre foi teu

Me entrego em teu solto colo

Um solo, perto de mim

Acato o aperto sincero

Tão perto, tão longe do fim