O eu sem nome
Neste lugar de mistério.
Do estranho em mim.
Do novo desagradável.
Da ordem do desconhecido.
Que não se faz disfarce.
Que não se traduz.
Que permaneceu ausente.
E agora emana, com súbita força.
O impronunciável.
O indizível.
O sem nome.
Diante de tudo que se desvela.
Não me permito seguir como antes.
Ignorando tudo que se apresenta.
Faço uso do silêncio.
O silêncio significa e re-significa.
Preservo o frágil e recém-chegado.
Desobrigada da pressa.
Contemplo o sutil.
Não passo.
Não permito que passe.
Sem que algo se transforme.
Sem que algo morra.
Sem que algo ganhe vida.
Vida-morte-vida.
É isso que altera.
É isso que afeta.
É isso que declina.
É isso que se renova.
É isso de cíclico.
Eu era uma.
Agora estou sendo.
Até não ser.