O eu sem nome

Neste lugar de mistério.

Do estranho em mim.

Do novo desagradável.

Da ordem do desconhecido.

Que não se faz disfarce.

Que não se traduz.

Que permaneceu ausente.

E agora emana, com súbita força.

O impronunciável.

O indizível.

O sem nome.

Diante de tudo que se desvela.

Não me permito seguir como antes.

Ignorando tudo que se apresenta.

Faço uso do silêncio.

O silêncio significa e re-significa.

Preservo o frágil e recém-chegado.

Desobrigada da pressa.

Contemplo o sutil.

Não passo.

Não permito que passe.

Sem que algo se transforme.

Sem que algo morra.

Sem que algo ganhe vida.

Vida-morte-vida.

É isso que altera.

É isso que afeta.

É isso que declina.

É isso que se renova.

É isso de cíclico.

Eu era uma.

Agora estou sendo.

Até não ser.

Mariany Mendes
Enviado por Mariany Mendes em 23/07/2020
Código do texto: T7014192
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