Pouco me contenta
o pouco me contenta
mas nunca é pouco o que desejo
pudesse eu, dominar as línguas
só pra debater o amor
em profusão e versões.
pudesse eu
ter dispendioso tempo
pro nada fazer
além, somente, de viver
correr, mas só por ter pressa
do próprio viver
sem ter pretensão
de ver ponteiros a girar...
pudesse eu, ser leve tal qual o vento
pra poder alto voar
e espalhar todo amor
ser grande de sentimentos
pra na terra germinar
depois florescer
e como tal querer tanto...
pudesse eu, dominar as letras
só pra escrever poesias
rimar viver com alegrias
ao tom de satisfações...
evocar alma aos versos
e trazer espantos
pra quem entende o amar
e isso seria tanto...
pudesse eu, meu desejo era
de ser grande como o mar
bravio, imponente
que avança e revolve
que engole e devolve
o que, a si, não pertence...
seria esse mar
que ruge estridente
que cresce, se enche
e se faz preamar
depois, devagar
vaza humildemente...
e o pouco que me contenta
é o ser como um grão de areia
em meio a tantos na praia
mais não é o que desejo...
pudesse eu, desejar
qualquer desvairo que seja
seria ser como anseio
ter a força da natureza
pra o mundo regenerar.
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