A POEIRA DO CAMINHO

O dia ressurge límpido como as águas

vai levantando suas claras vestes

enquanto brinca com as flores

que existe nesse mundo antigo...

No umbral da tarde flutuando de cores

as portas do vento se abrem como espelhos

e teus negros olhos se movem...

Como se guardados em escrínios de seda

(pingentes, filigranas de marfim e ouro)

Tua voz bordando músicas trêmulas no ar...

Teus pés deslizam no verde chão de quimeras

assomam a janela desse dia transparente

entreabrindo seus véus como se fossem cortinas

da aurora. E teu caminho vai sendo pontuado

como as estrelas douradas do céu reluzente...

A poeira dos caminhos jaz em mim...

Por mais que agite com força os cabelos

Por mais que me liberte da minha vestimenta

Por mais que me desnude (corpo e alma)

Essa poeira da estrada estará sempre presa a mim...

Nas míseras lembranças empoeiradas...

Em cinzas e trapos dos mortos jardins

que fez o sol murchar dos muros despidos

tombaram meus sonhos em correntes soltas...

Entre a poeira do céu e da Terra...

existe as janelas despedaçadas

em conventos e ruas estreitas e vazias

o dia se inclina delicadamente

na minha varanda desabitada

procuro por teus negros olhos

escuto tua voz como uma música

busco teus passos na poeira perdida de mim!

Oliveira Vilma
Enviado por Oliveira Vilma em 22/07/2020
Código do texto: T7013783
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