NOUTROS TEMPOS
NOUTROS TEMPOS
Antes a lápis
Fazia o poema
Mão segura
Quimeras sem agruras
Na folha limpa trafegava o verso
Em amor imerso
Em aroma de flor
Deflorava a folha alva
Sem qualquer ressalva
Pintava cores fortes
Em paixões sem cortes
E o tremor do gozo
Fazia-se grandioso
A olhar a obra acabada
Grandiosidade cansada
De transformar o nada
Em território de sonho
Figura diáfana
Invenção profana
Que ora já não emana
E deita sem ventura
Repousa o lápis sem ponta
Sem memória
Tudo vira apenas história