NOUTROS TEMPOS

NOUTROS TEMPOS

Antes a lápis

Fazia o poema

Mão segura

Quimeras sem agruras

Na folha limpa trafegava o verso

Em amor imerso

Em aroma de flor

Deflorava a folha alva

Sem qualquer ressalva

Pintava cores fortes

Em paixões sem cortes

E o tremor do gozo

Fazia-se grandioso

A olhar a obra acabada

Grandiosidade cansada

De transformar o nada

Em território de sonho

Figura diáfana

Invenção profana

Que ora já não emana

E deita sem ventura

Repousa o lápis sem ponta

Sem memória

Tudo vira apenas história

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 21/07/2020
Reeditado em 22/07/2020
Código do texto: T7012870
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