Crepúsculo solar
Me deixastes o vermelho horizonte
Cor púrpura, crepúsculo solar
Pensamentos poesias esvoaçantes
O vibrar tênue das ondículas do mar
Pensei nos corações das eternas canções
Que das gerações pulsam fortes em mim
Poetas, escritores passam como tufões
Arrebatam a alma das flores de meu jardim
Por instantes minha alma se fez galopante
Sai do universo que se expande, sai do prumo
Descalça, lírica pelas areias, vai alma andante
Principia em si, renasce, morre, perde o rumo
Os poetas são nascentes deste delírio
Isolam-se do mundo faz reboliço verbal
Da luz lunar, suas lágrimas são martírios
São uivos do lobo interno ou puro carnaval
Poeta! Como me traz tua vibrante alma tenaz
Como me condensa, tuas palavras, o meu id
Me desconcentra, me vivifica, me refaz
Me alimenta tua lírica, teu sorriso me divide
Assim, sou a palavra que quer ser repartida
Engasgada no inverno das próprias ruínas
Reconstruindo, paulatinamente, sempre sina
Ter asas, escombros de mim... Enxergar saídas.
Depois, o branco aparece expande-se no azul
O mar traz cheiro de sal, peixe, brisa fresca
Daí, retomo os passos a procura de um sul...
Ou de um norte que me faça sentido, esclareça.
Sei, encontrarei uma saída e terei fortaleza
A tenho por momentos, sei onde ela se faz
Mesmo imperfeita, incompleta, sem muita clareza
A guerra que estou a conquistar será minha paz.