O LEITOR MERECE SABER

Acostumados com o fascinante mundo virtual,

entre legendas de bom dia ou

me sinto extremamente feliz,

esquecemo-nos da prisão em que nos encontramos

acreditando que a sociedade do espetáculo não terá fim.

Mas a poesia também desestrutura,

e o leitor merece desconfiar

da luminosidade dos holofotes

direcionados para simular a vida nesse palco.

Se alguns poemas nos confortam ampliando a ilusão

outros nos apertam como abraço em velório

e cumprem o papel de quebrar o encanto

revelando o estado pútrido das relações

em que nos tornamos espectro do humano.

Alguns poetas nos acordam do sono,

marionetes no gabinete de Caligari,

e no desaterro das consciências

encaramos o fato que existir não fácil,

de que não existe elixir milagroso,

que as luzes nos cegaram já no parto.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 21/07/2020
Código do texto: T7012425
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