O LEITOR MERECE SABER
Acostumados com o fascinante mundo virtual,
entre legendas de bom dia ou
me sinto extremamente feliz,
esquecemo-nos da prisão em que nos encontramos
acreditando que a sociedade do espetáculo não terá fim.
Mas a poesia também desestrutura,
e o leitor merece desconfiar
da luminosidade dos holofotes
direcionados para simular a vida nesse palco.
Se alguns poemas nos confortam ampliando a ilusão
outros nos apertam como abraço em velório
e cumprem o papel de quebrar o encanto
revelando o estado pútrido das relações
em que nos tornamos espectro do humano.
Alguns poetas nos acordam do sono,
marionetes no gabinete de Caligari,
e no desaterro das consciências
encaramos o fato que existir não fácil,
de que não existe elixir milagroso,
que as luzes nos cegaram já no parto.