SENSAÇÃO
Tenho sensação que,
embora esteja no meu tempo,
cante o meu tempo,
viva o meu tempo,
não serei lido no meu tempo.
Tenho a sensação
que escrevo como quem
enterra um tesouro
numa ilha deserta
e depois desenha um mapa
e põe dentro de uma garrafa
e lança no mar.
Tenho a sensação
que minha geração de leitores
não nasceram ainda;
e que serei um dia
talvez descoberto
por alguma criança
brincando na praia.
© Antonio Costta
18/07/2020