Pequenas memórias de infância ( Portalegre RN )
Pequenas memórias de infância
( Portalegre RN)
III
Em Portalegre, uma noite
Na linda praça que havia
Fazia um frio distante
Que nada conta a poesia.
Portalegre tão pequena,
de um povo acolhedor
Nos bares algo se falava
Mude a política doutor
Euclides sobe ao poder
E eu tão feliz vi entrar!
Outros chorando a roer
Tão solitários num bar
As passeatas nos sítios
Com mui comida e bebida
O enxame estava feito
chega a poeira subia
Nessas estradas de sítio
As motos passando ao largo...
De sua casa ele olha!
Quem vai pra cima e pra baixo.
Com boêmia constante
Essa paisagen querida
Sertanejos seus seios d'água
Que escorrem trazendo vida.
E ao subir suas curvas
serra florida eu informo
És a casa do pensamento
Onde eu me sento e recordo
Dessa infância querida
Da escola e das aventuras
Dos quintais e dos pomares
De muitas frutas maduras.
O cajueiro a castanha
Que a gente assava e comia
Nascido a porta de casa
Tinha cajú que caia!
Se estragava ao léu
Mesmo onde nós brincávamos!
No sitio de Chico Miguel
Nem tínhamos que procurá-los!
Portalegre aqueles dias
Estão bordados num pano
No colégio Margarida
Estudei por mais de um ano
Da escola 29 de março
lembro dona Auxiliadora.
Sua capela pequena
E sua mão doadora
Lembro as matas da bica
O banho, aquela pedra vermelha.
Outro cenário distante
De acidentada ladeira.
Lembro das festas nos clubes
Das tertúlias dos boêmios
Do Cristo levando a cruz
Em carne viva sofrendo
Da beleza da igreja
De seu altar tão sereno
Do protestantismo puro
Que ao povo foi convertendo
IV
As pessoas vi crescendo
E as ruas vi mudar
Já parecidas com agora
Eu nunca ouvi nem falar
Mais a mudança foi boa
Na política do lugar
O povo acertou em cheio
Bem na hora de votar.
Elegeram prefeito Neto
O homem da EMATER
Que trouxe rumo ao lugar
E ao povo enfim pós de pé.
E o nevoeiro que acomoda-se, sobre suas ruas
No alto desse teu lindo mirante
Esconde toda a cidade, que parece nua
Pulsando na gente, de instante em instante.