O novo normal
O novo normal
Esconde a face
Que não esconde
Sob o disfarce
Da vida o lado mau.
É gente fome passando,
É preço lá nas alturas,
É gente gente roubando
É corrupção — que agrura!
É cobrança, tanta cobrança,
O dinheiro é capital.
Onde está a temperança
Deste tempo novo normal?
Lavamos, lavamos as mãos,
No sentido bem literal.
Precisamos lavar as almas
E lapidar o nosso normal.
Bem olhando os tempos idos,
Tempos assim tão distantes,
Vemos que os dias vividos,
Se nos fizeram confiantes,
Nos mostraram o que é sabido:
Cataclismos e grandes guerras
Fazem parte da nossa história.
Nem por isso menos se erra,
Curta parece a memória.
Com todos os nossos defeitos,
Voltamos à velha rotina.
Parece não ter mesmo jeito,
Perseverar é a nossa sina.
A nossa sina é também
Dividir, orar, amar...
Tudo isso que vai além
Desta vida de ajuntar.
Com sinas tão diferentes,
Aguardemos a vida normal.
Quando, então, novamente,
Tudo será, como antes, igual.