Do medo da entrega

solidões

são de tantos horrores

e o derrame de silêncios

no desespero infinito

quando no imo há um grito

e a vida tem muito a dar...

forjas

que apontam, ao querer, os mitos

de que o gostar é sofrer

transpõe-se em veladas dores...

temores em expor desejos

que excluem, às paixões, o apego

descontrariam as razões

e é desse medo

que se destroem emoções...

e em tons de monotonia

a alma se assombra e esfria

e a vida vegeta em vão

quem ousará viver

à entrega de grandes amores

sentir o olor das flores

provar de quaisquer sabores

e conhecer o que é ustão

certamente

conhecerá o que é paixão...

é útil o se demover

trocar algo de lugar

fechar portões e janelas

e não

provar quem quer nos provar...

e a vida segue nos ensinado as lições

e o medo

se não nasce de coragens

nos param por covardia

e nos mata ainda em vida

congelando o coração.

"Comovo-me em excesso, por

natureza e por ofício. Acho

medonho alguém viver sem

paixões."  (Graciliano Ramos)