MEUS PRÓXIMOS

O meu pai, que é o Seu Zé,

Minha mãe, dona Maria.

De quem herdei minha fé,

Meu amor, minha poesia.

A Lene, minha mulher;

Lude, o filho que eu queria.

Ela, porque bem-me-quer

E ele, porque é cortesia!

Amigos e alguns irmãos

De sangue e de igreja,

Menos que os dedos das mãos,

Com os quais conto na peleja.

Mais que todos, está Deus

Que me teve amor profundo.

Esses são os próximos meus

Nesta vida, neste mundo.

Esse era o total da conta

Dos meus próximos aqui.

Mas esse saldo desmonta,

Por conta do que aprendi.

Pois, como sou um bom cristão,

Desde bem cedo entendi

Que é melhor a doação

Que tudo que recebi.

E, apesar de só contar

Com poucos nas aflições,

Preciso a todos amar,

Sem fazer acepções.

Por isso é que a qualquer um

Eu devo fazer o bem,

Que me seja ou não comum,

Tudo sem olhar a quem.

E isso muda totalmente

A soma da operação,

Pois meu próximo é o carente

A quem Deus daria a mão...