Poemimho de alfazema

Depois da amargura que passei na guerra

Eu, um soldado derrotado, deito para descansar

Enquanto eu lutava no campo de batalha

Tudo era cinza. Mistura de pólvora com veneno

Queria agora estar em casa

Nos campos de alfazema da minha avó

Plantação bem cuidada, com carinho de vó

Sinto até aquele mesmo calor no peito

de quando eu, deitado ao lado das alfazemas

Criava estórias na minha mente, sobre guerras medievais.

Mas quem diria que um dia eu mesmo seria o protagonista

E que sairia, somente com a roupa do corpo

Para o mundo de cinzas que me tiraria a vida

Eu queria poder sentir ao menos mais uma vez a fragrância da minha terra

Talvez se eu forçar minha imaginação, como na infância, eu consiga voltar no tempo

para me sentir vivo, só mais uma vez

Sentir na pele, o sol da manhã no quintal de casa

Aquela brisa calorosa tocando uma última vez o meu rosto

Tudo isto me parece tão incrível agora

Igual as minhas estórias medievais, tão distantes da realidade

É como se o sofrimento tivesse me tirado a o prazer em viver, as boas sensações

Desses dias tão saudosos e suaves, de paz

Agora que me resta, meu Deus?

Só me sobraram poucos segundos... mas que bom que são só segundos.

Talvez eu reveja minha casa, minha família

Eu só quero uma última vez, deitar ao lado da velha plantação de alfazemas

Eu só quero reviver a minha vida.