Zé Alguém

Zé Alguém subiu no muro.

Precisava olhar do alto

Para achar discernimento.

Olhou à esquerda e à direita

Prestando muita atenção.

Só achou questionamento!

Estando em cima do muro

Zé Alguém foi insultado

Pelos que estavam à direita.

Botou as barbas de molho

Quase saltou para a esquerda

Mas a esquerda era suspeita.

De um e de outro lado,

Fora de sua cabeça,

Havia muitas idéias!

Zé balançou como pêndulo:

Fico com essa ou com aquela?

Com Jonas ou com Miquéias?

Zé ouviu coisas estranhas,

Para ele, palavrões.

Termos como "panteísmo,"

"sincretismo" e até "gnose".

Zé ficou meio "cabrero".

Não quis mais ver nem ouvir

E despertando da hipnose!

Sem direita e sem esquerda

Zé optou pelo centro

Deixou de viver a esmo.

Achou o que lhe servia

Nessa nova consciência,

Bem no centro de si mesmo.

Zé Alguém ensimesmou-se.

Nunca mais olhou pra trás.

Lá vai ele saltitante, todo alegre, seguindo em frente!

Já que o passado é história

e o futuro é expectativa,

Ele vive no presente!

Se um dia encontrar o Zé

Não precisa perguntar

Como ele tem passado

desde que deixou o povo.

Pois muito bem o conheço

E sei que responderá:

Nem sequer tenho passado!

- hoje sou um homem novo!