Commodities
Memória de elefante, mar do esquecimento,
A maré em movimento…
Traz más lembranças na garrafa.
Trem negreiro rumo à Barra da Tijuca,
Colheita de cana-de-açúcar…
Eu sofro de safra a safra.
Até a senzala é de aluguel,
Então vou saquear seu alto céu…
Investir pesado na sua bolsa.
Se meu nome é sujo na praça,
Mão no maço, não na massa…
Chore na missa da sua filha moça.
Restituição? Nem um centavo,
O herdeiro do senhor de escravo...
No chicote também toca a empresa.
Cadê a tal lei do retorno, o carma?
Dê-me informação e arma..
Para eu acessar essa riqueza.
O que é de César, não é de César não
Tome um punhado de ração…
Um gole quente de água salobra!
Pesam-nos tal ferro, saca de arroz,
(Rs, rs, rs!) Ou como meros bois...
Em arroba.
… Tiros, tiros, tiros,
São muito mais letais do que vírus…
Se propagam pela terra e pelo ar.
Isso que nos fode, tal febre tifóide,
George Floyd…
Aff, aff… Não consegue respirar.
Vagando em vão pelas ruas,
Bunda e barriga ambas nuas…
A mesma pele preta, calva crespa.
Pessoas? Não, não são!
Sim, commodities de baixa cotação.
No cínico índice da Bovespa.
Corretor, observe o gráfico,
Criança no tráfego, no tráfico…
Morta vendendo pedra de crack.
Mas temos "peça de reposição",
Há mais outros quatro irmãos…
Ações em alta, Dow Jones, Nasdaq.