Viração das horas
Silêncio depois da chuva
árvores gotejando.
E esta ânsia de dizer que morro
onde a felicidade se inclina!
De esquina em esquina a tarde escura.
Ferve no ar empoeirado da velha cidade
o vento que nos distrai!
Meu coração palpita em um ritmo duvidoso.
Quantas incertezas!
Tarde que se precipita a cair...
Que acomoda-se entre o vai e vem dos carros.
Com seus parabrisas manchados de insetos.
Hora azul e hora vermelha.
Destina-se sobre o silêncio de nossas bocas.
A tarde a se despir sobre nós...
A tarde que nos chega como amparo ao nosso dissabor.
É frívola, e tem os olhos roídos pelos mosquitos.
Nessa aparição de todos os silêncios.
Onde o grilo que chega tímido canta solitário.
E aos poucos, junto a muitos ao redor da casa fazem sinfonia.
Um pressentimento me assalta,
de que a vida é tão pequena como se fora esse pequeno grilo.
A brisa que vem do rio distante,
bate incansavelmente por aqui!
E eu sonho que a vida é longa e que não cessa jamais.
Francisco Cavalcante 11 Julho 2020