SEXTA

SEXTA

Noite de sexta

Escuridão besta

Um piano nos ouvidos

Uma voz sem sentidos

Vontades reprimidas

Coisas da vida

Ou quem sabe da morte

Sexta sem sorte

Da solidão sem solitude

Tudo sem atitude

Paradoxo parado

Quase desmiolado

Preso sem tornozeleira

Cabeça cheia de besteira

Então encho a cara

De poesia rara

Regada a vinho

Nada circunvizinho

A não ser a um metro e meio

Sem amor sem meneio

E vem o sono sem sonho

Um pesadelo tristonho

Até um amanhã

Pela manhã

Despertar na ressaca

Continuar na inhaca

Até quando

Quem sabe secando

Até virar pó

Neste dominó

Pequeno leve

Depositado num chão qualquer

Sem bem-me-quer

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 10/07/2020
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