SEXTA
SEXTA
Noite de sexta
Escuridão besta
Um piano nos ouvidos
Uma voz sem sentidos
Vontades reprimidas
Coisas da vida
Ou quem sabe da morte
Sexta sem sorte
Da solidão sem solitude
Tudo sem atitude
Paradoxo parado
Quase desmiolado
Preso sem tornozeleira
Cabeça cheia de besteira
Então encho a cara
De poesia rara
Regada a vinho
Nada circunvizinho
A não ser a um metro e meio
Sem amor sem meneio
E vem o sono sem sonho
Um pesadelo tristonho
Até um amanhã
Pela manhã
Despertar na ressaca
Continuar na inhaca
Até quando
Quem sabe secando
Até virar pó
Neste dominó
Pequeno leve
Depositado num chão qualquer
Sem bem-me-quer