Elegia II

E

Os poetas esvaem-se:

Partem em naves

que chegam sem aviso.

Abrem-se clareiras no solo

de onde se supõe

estarem seguros

De onde se supõe

sustentados por algum poema

A morte não avisa o tempo

de chegada à outra margem:

Agoniza-se ou se desligam

sinais vitais obrigatórios

como rituais em desalento.

Lá se vão poetas

assim exauridos, assim prosa

embevecida de tanta poesia,

e de mistérios indevassáveis.

Partem como canto inacabado

com carências de entendimento

das ardências do dia.

Marcia Tigani

Marcia Tigani