CONTRASTE - Rodolfo Teófilo

Que val da tez a alvura deslumbrante,

os belos tons dos lábios nacarados,

a luz dos olhos vivos, anegrados,

como no espaço um ponto radiante?

O rosto oval de traços bem corretos,

supercílios traçados a pincel,

contornos de invejar um bom cinzel

e dotes naturais os mais discretos?

Quando tu, tão formosa quão perdida,

obedecendo às leis de um atavismo

alardeias o vício com cinismo

fazendo contrastar teu rosto e vida!

© Rodolfo Teófilo

in: Jornal “A Quinzena”, 1887.

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𝗥odolfo Marcos 𝗧eófilo (Salvador, 6 de maio de 1853 — Fortaleza, 2 de julho de 1932) foi um escritor brasileiro de estética literária regional-naturalista, além de poeta, documentarista, contista, articulista e farmacêutico.

Tomou parte dos movimentos literários do Ceará, tendo pertencido, desde 1894, à 𝕻𝖆𝖉𝖆𝖗𝖎𝖆 𝕰𝖘𝖕𝖎𝖗𝖎𝖙𝖚𝖆𝖑, entidade de fins literários e artísticos que se fundara em Fortaleza, sendo o último Presidente, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Também pertenceu ao Instituto do Ceará e à 𝑨𝒄𝒂𝒅𝒆𝒎𝒊𝒂 𝑪𝒆𝒂𝒓𝒆𝒏𝒔𝒆 𝒅𝒆 𝑳𝒆𝒕𝒓𝒂𝒔, na qual é membro fundador e Patrono da Cadeira nº 33.

Um mês após o seu nascimento, em Salvador (BA), Rodolfo Teófilo foi trazido pelos pais a Fortaleza. Diante da insistência dos que pretendiam, anos mais tarde, evidenciar a sua naturalidade baiana, o escritor respondia: “Sou cearense, porque quero”. “Nasci baiano por um acidente; mas de coração sou todo cearense, como nenhum será mais do que eu”, escreveu, em 1924, em carta endereçada a um amigo.

Diplomado, dirigiu uma farmácia em Pacatuba, depois na capital. Foi mais tarde professor de ciências naturais na Escola Normal e membro de diversas sociedades culturais. Sua obra ficou marcada pela literatura naturalista em que é mostrada a seca no nordeste e os flagelados.

Empreendeu, sem apoio governamental, uma campanha de vacinação contra a epidemia de varíola que se alastrava na cidade. Por causa disso, foi perseguido durante o governo de Antônio Pinto Nogueira Accioli, do qual era opositor, acusado de desmoralizar a autoridade que estava totalmente alheia ao sofrimento do povo cearense.

• Em sua homenagem, o Centro Acadêmico de Farmácia da Universidade Federal do Ceará tem o seu nome.