Mortalha do Povo

É verdade/

Diante de tantos horrores/

Mesmo em constantes dores/

Que consomem nossas almas/

Que comem nossas forças/

Tudo está tão calmo/

A voz calada e obediente/

Como antes/

Segue Resiliência as ideologias que as controlam/

As mentiras e as leis /

Que tu, ô estado promovestes, ainda nos convence/

A ficar cativos no leito/

Mas há tempos/

Há tempos/

Que queremos falar/

Não sei se vai adiantar/

Por que os Santos continuar no altar/

Os direitos na promessa/

As mães de luto, a chorar esperam pela inércia da Justiça/

E nós, os miseráveis pela luz da igualdade/

Que a morte nos vem falar/

Com as mãos em sangue/

Com o corpo em migalhas/

Com a fome na boca/

Trabalhamos a vida inteira/

Juramos a bandeira/

Sonhando com a liberdade/

Pro país deixar de servir/

Aos oportunistas e

inescrupulosos/

E vejam o que aconteceu/

Nos esquecem na lama/

Como animais adotivos/

E indiferentes às nossas aflições e necessidades/

Nos enterram numa cova desconhecida/