QUARENTENA II! (283)

Pela janela, espreito a rua deserta,

É minha triste moldura, mesmo aberta,

Há vida e sol, correndo lá fora,

Estou aqui presa, sem tempo ou hora...

Em minhas mãos, aperto a chave, da porta,

Basta-me um passo, para transpô-la,

Meu espírito, livre me incita,

-Venha, vamos embora, acredita...

-Não há para onde ir, eu retruco,

Há um inimigo lá fora, oculto,

Sem pena, põe o mundo, moribundo,

Traiçoeiro nem diz, de onde, é oriundo...

Fecho lentamente, minha cortina,

Uma lágrima surge, fugaz, repentina,

Na mente a imagem, da minha menina,

Sinto-me frágil, só, pequenina...

O telefone toca, nele ouço a voz, tão amada,

É minha filha, por um vírus, de mim afastada,

Do outro lado da linha, como eu, ela chora,

E meu abraço carente... O dela implora...

Lani (Zilani Celia)
Enviado por Lani (Zilani Celia) em 05/07/2020
Reeditado em 05/07/2020
Código do texto: T6997051
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