A mulher na janela
Daqui, eu posso vê-la,
Sentada,
Sozinha,
Cabelos pretos,
longos,
Macios,
Cabelos pra se enroscar,
Pra segurar,
Pra imaginar.
A fumaça vai se esvaindo de seu cigarro,
Devagar,
Serpenteando no ar,
E sobe,
Subindo,
Subindo,
Até sumir.
Na taça de vinho branco ficaram as marcas dos seus dedos,
Da sua boca,
Ficou seu DNA,
Ficaram as lembranças.
Séria,
Serena,
Poderia ser um anjo,
Ou um demônio,
Ela é qualquer coisa,
Alguma coisa,
Me faz sonhar.
Então ela se levantou,
Elegante,
Altiva,
Desceu as escadas,
Em direção a porta,
Saiu,
Se foi,
Mas sua impressão ficou em mim,
Na minha cabeça,
Em meus pensamentos.