Depois do vendaval
Como se o solo fosse coberto de sal
Nada mais sobraria para ser mostrado
Após ser varrido pelo vendaval
Após o saque a todos os mercados
Não haveria garota de praia nenhuma
O Corcovado derrubado nadando na praia
O rescaldo viajava com o vento feito pluma
Outra civilização sumia como os maias
Covas rasas, entulhos, vestígios e ossos
As ondas vinham molhar os sambaquis
Nada de gaivotas sobre os destroços
Afinal, ninguém nadava mais por aqui
Tudo lembrado esgueirava-se pelas veredas
Falta de sombras amargurava a terra
Lembrando árvores lambidas por labaredas
Última página que o ecossistema encerra
A foice levou nomes, poetas e história febril
Árvores vermelhas nesse imenso terreiro
Brasa que deu à terra o nome de Brasil
Da cor da cinza, hoje se chamaria Cinzeiro