Depois do vendaval

Como se o solo fosse coberto de sal

Nada mais sobraria para ser mostrado

Após ser varrido pelo vendaval

Após o saque a todos os mercados

Não haveria garota de praia nenhuma

O Corcovado derrubado nadando na praia

O rescaldo viajava com o vento feito pluma

Outra civilização sumia como os maias

Covas rasas, entulhos, vestígios e ossos

As ondas vinham molhar os sambaquis

Nada de gaivotas sobre os destroços

Afinal, ninguém nadava mais por aqui

Tudo lembrado esgueirava-se pelas veredas

Falta de sombras amargurava a terra

Lembrando árvores lambidas por labaredas

Última página que o ecossistema encerra

A foice levou nomes, poetas e história febril

Árvores vermelhas nesse imenso terreiro

Brasa que deu à terra o nome de Brasil

Da cor da cinza, hoje se chamaria Cinzeiro

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 04/07/2020
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