Luz Estranha
Quando dos olhos escorrem
As amarguras das horas feridas
E os silêncios escuros cobrem
Os sóis das tardes corrompidas...
Quando a lembrança não apaga
Os rastros do que deveria ser
E a minha poesia cúmplice divaga,
Me escondendo do que não quero ver...
Então não dirá o poema - e ninguém o proíbe -
Que essa loucura nua que o acompanha,
Não quer vestir-se e mais se exibe,
De nudez exposta a uma luz estranha.
Porque essa luz me projeta e me devolve
Ao tempo das esperanças fartas e fortes,
Fantástico sonho que me envolve,
Exumando todas as minhas mortes!