Coronados
Este vento insistente
geme as dores da gente
bate nas janelas da mente
traz um canto doído
Um choro dorido
silente
uma dor pungente
um pânico asfixiante
de mais de sessenta mil
doentes
coronados de espinhos
que partiram sozinhos
no breu da noite fria
no silêncio da madrugada
gelada
nas primeiras horas do dia
na tarde sonolenta, vazia
não há hora para agonia
sem vela,
sem preces
sem uma Ave Maria
sem as lágrimas de um olhar.
Nos céus são anjos de luz
Que aqui não sejam números e nada mais.
Benvinda Palma
02/07/2020