RELÂMPAGO ESTÉRIL

com um buraco oco e vazio no coração

como labaredas em chamas malvadas

a exercer a sua sina

como larvas de vulcão vomitando pra dentro

cuspindo pra dentro

sugadas...

a arder na noite escura

como solidão a prazo, líquida,

no varejo

vencida

na prateleira do tempo

e eu ao relento de mim mesmo

a ermo

a vagar como relâmpado estéril

fantasma sem destino desnutrido

menino homem sem sem poesia

anêmico, amputados do seu destino

com olhar perdido desiludido

por entre as esquinas

dos sarcasmos, das indiferenças retas cegas vis

que fazem doer mais que tiros de canhão.

desertos traçados sem rascunhos

como acessórios de vandalismos tortos de mim mesmo

na poeria, na vertigem, na fuligem

...às cinzas

a respirar desertos artificiais, postiços

mas em verdade vos digo:

maltrata mais que a própria morte

diante de tanta dor

cemitério é apanas cenário

nesse calvário de mim mesmo

nessa sentinela coloriua de desgosto

nesse calvário pulverizado com meu respirar sufocado

com estoque limitado

denúncia de fim de estrada

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 02/07/2020
Reeditado em 16/05/2021
Código do texto: T6993828
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