A PAZ DAS PAZES
A paz no coração é o tesouro dos tesouros, dádiva das dádivas, gostosura das gostosuras.
Pra ser presenteado com ela não precisa ser rico, forte ou poderoso,
Não precisa ser sábio, ágil ou divino.
Ela é uma gotícula tão insignificante, tão humilde, tão trivial que acaba passando batido na corrida de todo dia.
E que só dói, só faz falta, só grita, quando some de vez.
Daí a nossa alma esperneia, se descabela, passa a procurar por todo canto.
Daí nos damos conta da beleza do seu manto, da magnitude do seu passo, do aguçado prazer do seu gosto.
Então somos envolvidos pelo bafo sórdido do vazio, pelo eco atroz da solidão, pelo silêncio imenso do nada consta.
Daí a vida fica com pena da gente e nos manda fagulhas dessa paz só pra atiçar nosso apetite, só pra tentar o nosso tudo, só pra aperrear nosso chão.
Então essa mesma vida se compadece da nossa pequeneza e nos inunda daquele manto tão arrebatador, tão ressuscitador, tão recompensador.
E assim, ufa!, trazemos nossa alma fugida de volta, pra não ir debandar de nós nunca mais.