Maré

Insolúveis minutos de um belo fim de tarde,

São, em seu resplendor, ar puro às almas sufocadas.

Conquanto o dia não baixe,

Não se faz, ao poeta da noite, necessidade de palavras.

Tais poetas carregam, sob a luz do sol, poesia no olhar.

A palavra é refúgio de um medo infantil. Obscuro.

Arte que se faz necessária,

Arte que confronta

O absurdo.

É o medo de ver, tal qual pensar,

Que o poeta enfrenta, invariavelmente, no sepulcro solar.

Assim, nada se desvincula sem ser antes arrancado.

Poemas, então, são pedaços.

Pedaços de minha carne,

De minha alma.

Tudo aquilo que se esvai.

Toda cicatriz que fica.

O vai e vem trôpego de uma mente

Intrínseca a seus sentidos aguçados.

Porque nada é simples a aqueles que buscam

A tão complexa - Simplicidade.

No final das contas:

Nem palavra; Ignorância;

Drogas ou preces.

Cabe ao poeta,

- Lobo da Estepe -

A Lua

E a luz que a ela provem.

Petito
Enviado por Petito em 30/06/2020
Reeditado em 30/06/2020
Código do texto: T6992565
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