Ora (direis)
Sou tão derrotado
que o ato de acordar,
às vezes, é igual a morrer.
Sou tão mole,
que mesmo o sorriso pago
de uma prostituta
me derrete.
Sou tão fraco
que antes de duvidar,
eu acredito em todo e qualquer
indivíduo que mente para mim olhando nos olhos.
Sou tão apaixonado,
que viro noites pensando
em bocas que nunca beijarei,
em perdidos beijos desavisados
ou em levianas palavras
sussurradas na madrugada.
Sou tão conscientemente humano,
que sofro e choro por coisas
que não me dizem respeito
e que não importam para mais ninguém.
Já me disseram que isso é ser poeta.
Se isso é ser poeta,
poeta é estar caminhando
entre a merda e o paraíso
sob um abismo de paixão e dor.
Poeta é um punhado de nada demais.